ADORAÇÃO SEM MISSÃO

ADORAÇÃO SEM MISSÃO

John Piper é um escritor bastante conhecido em nossos dias, se nem tanto no Brasil pelo menos ele é lá fora. Particularmente, gosto muito do que escreve. Vejo coerência, fundamento bíblico e visão para tudo o que defende, apensar de achar seu estilo bastante denso, e por isso mesmo difícil de se interpretar.

Um de seus livros mais famosos é “Let The Nations be Glad” ou traduzido em português “Alegrem-se os Povos” e lançado aqui no Brasil com este título pela Editora Cultura Cristã. Este clássico da literatura cristã, apesar de ter sido lançado há vários anos é base para uma série de seminários, conferências, estudos bíblicos e discussões sejam aqui ou acolá.

Seu tema central é a adoração como o alvo ou objetivo final da Igreja uma vez que ela é eterna e pertence á Deus. Missões segundo o escritor é o meio ou veículo através do qual as nações de acordo com Apocalipse 7:9, virão a adorar o Único e Verdadeiro Deus. Missões desta forma é algo temporário tendo o seu objetivo alcançado e concluído com a volta do Senhor Jesus (Mt. 24:14).

Colocado dessa forma, uma coisa depende da outra, ou seja, sem missão não haverá adoração e sem adoração missões é sem propósito e um simples exercício físico e intelectual feito mais com o propósito do desencargo de consciência.

Enquanto aqui na terra, a nossa tarefa não se restringe somente a “adorar”, mas vai além, implica também em conduzir outros á adoração apontando para o único e Verdadeiro Deus, alvo da nossa adoração. A Palavra nos diz que “Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto (Jo. 15:8). Demonstramos a nossa adoração á Deus frutificando para o seu Reino. Ganhar almas é uma das maiores expressões de adoração á Deus e de amor ao próximo. O problema acontece, como quase sempre, pela má interpretação das palavras. Adorar é uma palavra densa e completa, que não pode se limita simplesmente a cantar ou tocar instrumentos, apesar de também incluí-los. Adorar fala de estilo de vida. Tudo o que o cristão vive como conseqüência de seu novo nascimento em Cristo e o impacto da Palavra em nós é adoração. A adoração envolve tudo o que temos e somos. È a própria vida de Cristo em nós, produzindo frutos para Deus e para o meio em que estamos inseridos.

A adoração nos aproxima de Deus mas também nos leva para fora, rompendo paredes e barreiras para deixar a nossa luz brilhar entre os povos. Precisamos lembrar que Israel foi chamado para ser modelo de povo de Deus para as outras nações. Sua tarefa era mostrar como adorar o Único e verdadeiro Deus. Para tal havia uma força centrípeta operando e que atraia as nações para Israel e assim para Deus. O modelo Neo-testamentário para a Igreja mostra outra força em ação: Centrífuga ou seja, a igreja tem que sair, romper barreiras sejam elas culturais, lingüísticas ou geográficas, para alcançar os povos onde eles estão convocando-os à se unirem-se a esse grande Coral de Apocalipse, diverso porém harmonioso de adoradores.

Há aproximadamente 200 anos atrás um grande movimento missionário se iniciou entre os estudantes. Pegos durante uma tempestade, cinco jovens americanos resolveram se esconder em meio a um monte de feno e enquanto esperavam a tempestade passar, oraram pedindo a Deus que usasse suas vidas na evangelização mundial. Esse movimento se expandiu por toda a América, Europa e seu impacto atingiu os confins da terra (vide o vídeo acima).

Nos anos 60, Loren Cunningham fundou a Jocum (Jovens Com uma Missão) que teve como visão uma onda de jovens inundando as nações da terra com o Evangelho de Jesus.

Os jovens sempre foram instrumentos de Deus na evangelização Mundial e lutaram contra a letargia da Igreja de seu tempo,contra o egoísmo, impulsionando-a para a frente, rompendo com preconceitos e mudando paradigmas.

Fico triste quando vejo os jovens de nossos dias se envolvendo em tantas programações que tem como objetivo uma “adoração” que ignora os anseios de Deus. Isaías em sua visão espantosa viu a Deus mas também viu a si mesmo e a um mundo que clamava por socorro, e assim pode finalmente dizer “Eis-me aqui; envia-me a mim” (Is. 6:8). A verdadeira adoração escuta o coração de Deus e o que O comove. Lembro-me da passagem em que Pedro, Tiago e João estavam no Monte da transfiguração com Jesus e por vivenciarem um momento ímpar em suas vidas, quase um êxtase, queriam fazer tendas e ficar ali para sempre. A igreja tem querido ficar trancada em suas “tendas” para sempre, longe do burburinho do mundo lá. Dentro de nossas paredes tudo é lindo e maravilhoso. Contudo há uma ordem que nos impulsiona a sair.

Tenho analisado os movimentos de adoradores e percebo muitas vezes uma adoração sem missão. Não quero, contudo generalizar, pois existem muitos conscientes da verdadeira adoração. Mas são minoria enquanto que a maioria sempre esta pronta para se reunir nos locais fechados da “adoração.” Aliás uma tendência que vem tomando lugar em nosso meio é o isolamento dos jovens; colocá-los “protegidos” em redomas de vidro pois assim estarão livres de se contaminarem. Jesus orou ao Pai para que não fossemos tirados do mundo, mas que Ele nos livrasse do mal. O crente precisa fazer diferença; ser sal e luz neste mundo em trevas.

Para finalizar gostaria de parafrasear o Apóstolo dizendo: “Mostra-me a sua adoração sem missão e eu com a minha missão te mostrarei a minha adoração”.